quarta-feira, 27 de abril de 2011

Type O Negative

O Type O Negative é o que muita banda dita "gothic-metal" sonham em ser: autêntica. Sem precisar de maquiagens, vocais femininos e cara de bebê abandonado, a banda liderada pelo vampirão Peter Steele e junto a ele o amigo Josh Silver, há mais de 10 anos despeja nos fãs suas decepções amorosas e desafetos familiares.

A cada álbum mostram composições que criam climas perfeitos para filmes sobre vampiros, suspense e erotismo, fazendo com que sua alma entre em um desespero e solidão absoluta.

Atualmente se fala e muito no termo "gothic-metal" ou metal gótico e seja lá o que for, mas quando vai se exemplificar alguns críticos costumam usar bandas um tanto quanto diferentes e algumas diferentes até demais entre si mesmas, ou seja, acabam saindo do contexto e confundindo os fãs e a si próprios. Enquadrar o Type somente nesse estilo gothic é amarrar uma corda no pescoço dos caras e atirá-los. Mas eles não estão muito longe disse não.

A mídia especializada atribui muitos rótulos para a banda: "vampiric metal", "gothic metal", "doom metal", e por ai vai. Mas esse quarteto liderado pelo "marombado" Peter Steele no final das contas, não consegue ser rotulado de forma alguma devido à riqueza musical que sua banda proporciona. E chegam em 2004 com cinco álbuns de estúdio, um meio que ao vivo e uma coletânea levando uma legião de fãs espalhados pelo globo à loucura e uma carreira sólida.

Sem dúvida Peter é o líder "nato" do grupo, responsável pela fundação (junto com seu amigo Josh), pela composição da maior parte das letras do Type.

Antes de começar a falar do inicio do Type o Negative vale começarmos pelo Carnivore ex-banda do Peter e onde ele ensaiou os primeiros passos até chegar ao Type. Fazendo um breve resumo do Carnivore. A banda foi criada por Peter em 1983 no Brooklin em Nova Iorque, o visual era inspirado em seres pré-apocalípticos e as letras de seus dois álbuns também. O primeiro play auto-intitulado foi lançado em 1985, o som era bem hardcore e pesado vale destacar a música "Male Supremacy" onde já se nota alguma semelhança com a sonoridade que Peter desenvolveria anos mais tarde. Esse álbum foi produzido pelo amigo Josh que não fazia parte da banda.

Em 1987, um segundo álbum foi lançado "Retaliation" onde o grupo se preocupou mais com a música que com o visual. Porém a banda acabou no ano seguinte. Quem quiser saber mais sobre essa fase apocalíptica de Peter vale uma conferida no link: http://www.metalzone.com.br/v2005/classicos/classicos.php?recordID=5 , onde o assunto é mais aprofundado.

Peter chega ao ano de 1990 já com uma banda já formada, os integrantes são: o baterista Sal Abruscato, o guitarrista Kenny Hickey e o tecladista Josh Silver. A banda consegue no ano seguinte gravar seu primeiro álbum pela Roadrunner. E então temos "Slow, Deep and Hard", diferente do título temos nesse cd uma banda rápida e ainda com resquícios do Carnivore em algumas passagens, porém é um dos melhores álbuns do grupo. É um trabalho cru e visceral confira a faixa de abertura "unsuccessfully coping with the natural beauty of infidelity", que ao longo dos seus 12 minutos, a banda passa por vários climas tétricos intercalando com o peso e a velocidade do hardcore nova iorquino.

Peter relata nessa faixa o péssimo relacionamento dele com sua última namorada e também que estava por dentro das escapulidas da "moça", é só dar uma sacada no refrão "I know you're fucking someone else". Durante todo o play encontramos elementos musicais que serão mais trabalhados no futuro da banda, como as partes lentas que se aproximam do doom-metal, coros com toques quase "sacros" e partes acústicas. O baixo sempre marcante de Peter é o que comanda toda a fúria do álbum que também tem o molho especial do teclado de Josh. Das sete faixas do cd, duas são instrumentais, a quinta faixa chamada "glass walls of limbo (dance mix)" dá a sensação de estarmos em uma siderúrgica e com coros sacros (feitos por Peter). A segunda instrumental vem logo em seguida e não é bem uma instrumental, é apenas 1 minuto de silêncio com o singelo título de "A má interpretação do silêncio e sua desastrosa conseqüência".

O disco é sem dúvida alguma excepcional pela sua criatividade é como uma pedra bruta, que foi polida com o tempo e hoje temos o Type que esta por ai. O álbum tem uma boa repercussão no cenário, e depois de uma tour com o Biohazard e o The Exploited fez o nome do Type ficar mais conhecido.

Vai se saber o que levou o Type a fazer um álbum ao vivo logo após o seu debut, mas isso não é importante, pois esse álbum não tem nada de ao vivo, é pura enganação. A estória que existe por de trás desse álbum é que Peter havia gastado o dinheiro que foi dado pela gravadora para a produção de um álbum ao vivo de verdade, mas o Sr. Peter o gastou com festas. Para reparar isso, a banda gravou novas versões das faixas do primeiro álbum, mixado com o som do público e até diálogo.

O que chama a atenção mesmo nesse álbum são os covers para "Hey Joe" do Jimi Hendrix, que foi alterada para "Hey Peter" e "Paranoid" do Black Sabbath com alguns riffs de "Iron Man" no meio da música. Esse cd foi relançado em 1994 com uma nova capa, visto que a original mostrava um coito anal homossexual. E foi incluída também a faixa "Paranoid".

Em 1993 o Type conseguiu sua ascensão junto ao público, e foi com "Blood Kisses" que o Type conseguiu seu merecido reconhecimento da mídia e do público pelo mundo e isso sem se tornar comercial. Mudando radicalmente seu conceito musical (do visceral para o sombrio) e investindo mais em melodias doom, é desse cd que sai os primeiros hits do grupo. Quem não ouviu exaustivamente nas rádios e na Mtv as músicas "Christian Woman" e "Black Nº 1"?

A intro "Machine Screw" começa com gritos femininos de prazer que te levam suavemente para a faixa "Christian Woman", essa música não só foi o primeiro hit do grupo como também sua dor de cabeça. Por ser muito extensa, cerca de 9 minutos, teve que ser editada para ser tocada na Mtv e para as rádios. A versão editada tem a letra também adulterada.

Mas a edição não prejudicou a "obra". A música fala de uma adolescente cristã que vê em Cristo crucificado um símbolo sexual, o clipe dessa música é excelente, sombrio e picante, mostrando a adolescente na cama com o suposto Cristo.

A terceira faixa é mais um hit da banda. Black Nº 1 deu o título de "metal-vampiro" ao grupo, e mais um clipe foi exibido. A canção conta à história de uma groupie que Peter se relacionou e não foi muito feliz confira no refrão "Loving you was like loving the dead".

O lado hardcore do grupo volta à tona nas faixas "Fay wray come out and play" e "Kill all the white people". Mas a melancolia de Peter Steele retorna nas músicas "Summer Breeze", "Blood Kisses" essa é mais uma faixa sobre um relacionamento mal acabado do vampirão, ele chega a dizer "Oh no, Please dont' go, It's like a death in the family" (Oh não, Por favor, não se vá, Isso é como uma morte na família). Problemas pessoais do vocalista recheiam o cd, como em "Too Late: Frozen" e "Blood & Fire".

Blood Kisses é item obrigatório em qualquer cd-teca que se preze. O álbum chamou a atenção de headbangers, góticos e fãs de metal em geral.

Em 1994 saiu uma versão digipack para o Blood Kisses. Essa versão digipack retirou as faixas curtas e rápidas da primeira edição, deixando somente as mais legais como: "Christian Woman", "Bloody Kisses (A Death in the Family)", "Too Late: Frozen", "Blood & Fire", "Can't Lose You", "Summer Breeze", "Set Me on Fire", "Black No. 1 (Little Miss Scare-All)" além da inédita "Suspended in Dusk" que não coube na primeira versão do cd. Não só a capa é diferente como o encarte que mostra esculturas de anjos em cemitérios. Durante a tour desse álbum alguns desentendimentos entre Sal Abrusvatto e a banda culminou na saída do baterista em seu lugar entrou o ex- Life of Agony Johnny Kelly.

Em 1995 o Type participa do primeiro volume do tributo ao Black Sabbath, o projeto conhecido como "Nativity In Black", junto participaram bandas de renome como: Megadeth, Bruce Dickinson, Sepultura, Faith No More, White Zombie etc... O Type grava a música Black Sabbath em uma versão bem Type O Negative, diferente das outras bandas que seguiram o original, a versão do Type ficou sombria e obscura. Muitos fãs aguardavam na expectativa como seria o novo álbum, e enquanto aguardavam Peter teve um tempinho para posar peladão para a revista Playgirl, o que chamou mais ainda atenção para o nome da banda.

E finalmente em 1996 é chegada a hora de October Rust. Maravilhoso. Genial. Fica difícil escolher entre Blood Kisses e October Rust. As letras do cd estão bem melhores escritas e todas usando o erotismo ora sarcástica ora dramática. Sem contar as duas primeiras faixas do cd, pois a primeira é apenas estática e a segunda é a banda desejando que a galera curta o álbum (desejando isso de forma bem debochada).

A "festa" começa mesmo na terceira faixa, "Love you to Death", com direito a um belíssimo vídeo clipe. O instrumental dessa música como de todas as faixas do álbum é muito bonito, começando com uma belíssima introdução de piano e a voz de Peter dando o tom erótico e romântico na música. Em "Be my Druides" é o baixo que comanda a festa, assim a música segue em um clima mágico e hipnotizante, como em todo o álbum. Já com um clima mais ameno e sons de chuva e natureza segue "Green Man". Mas toda a alegria e sensação de natureza se vão com a entrada de "Red Water", uma canção densa que trata de uma reunião para a ceia de natal organizada pela irmã de Peter. Na mesa foi deixado um lugar vazio em memória do pai de Peter. E mais uma vez o clima é desfeito, agora com um pique meio eletrônico e dançante, entra "My Girlfriend's Girlfriend", a faixa teve clipe rolando a rodo na MTV, e chegou a ser proibido em alguns países, devido ao fato da canção tratar do homossexualismo feminino e com Peter fazendo parte da festa.

Violões dão um tom acústico à "Die With Me". A letra de "Burnt Flowers Fallen" é excelente, casando muito bem com o instrumental. A mais fraca do álbum "In Praise Of Bacchus" consegue ter um bom clima criado pelos teclados de Josh. Muito bem escolhido foi o cover "Cinnamon Girl" do Neil Young. A faixa seguinte com o pequeno título "Glorious Liberation of the People's Technocratic Republic of Vinnland" é uma instrumental muito da sem graça, mas a história por trás do título dessa faixa é que a torna interessante.
Para quem não sabe Vinnland é um termo nórdico dado pelos Vikings para a América, a tradução seria algo como "Terra de Florestas" o local exato dessas "terras", não se sabe, mas acreditasse que fique entre o Canadá e o extremo norte dos Estados Unidos. Isso aconteceu por volta de 1000 DC. Isso foi só um resumo da história, existe muito mais informação sobre o tema e vale a pena pesquisar.

Outro ponto alto do cd é a faixa "Wolf Moon" são 6 minutos de climas sombrios, a letra com seu tom sacro e aterrorizante ao mesmo tempo. Fechando o cd tem "Haunted", mais uma canção sobre algum relacionamento de Peter, vale destacar mais uma vez a letra da faixa. Mesmo tendo cerca de 10 minutos, são tantas passagens e climas que a banda consegue criar, que simplesmente não se percebe o tempo passar. Sem dúvida alguma October Rust é um clássico da banda. Fica claro mais uma vez a qualidade lírica do álbum, e os magníficos arranjos. Item totalmente indispensável para fãs de metal em todas suas vertentes.
Em 1999 vem o mais fraco álbum do grupo, sim estou falando de World Coming Down, de suas 13 faixas apenas umas três se salvam por completo. São elas: "Every One I Love Is Dead", "All Hallow´s Eve" e "Everything Dies". O estilo Black Sabbath de ser foi incorporado em todo álbum. A faixa título tem lá seus méritos, mas se perde por ser muito extensa. O cover dos Beatle's "Daytripper" ficou interessante. Na verdade esse é um álbum que precisa ser ouvido pelo menos umas cinco vezes para ser assimilado. World Coming Down lembra um pouco os primórdios da banda, mas sem o brilhantismo e o poder de outrora.
O Type O Negative ainda foi trilha sonora para diversos filmes como "Privates Parts", "The Bride Of Chucky", I know Die Last Summer e The Blair Witch.

Em 2003 o TON retorna com seu quinto trabalho de estúdio, Life is Killing Me. Bem melhor que seu antecessor.  Esse cd é uma junção dos melhores momentos de World Comming Down com October Rust onde as guitarras são a atração principal.  A musica de trabalho do disco “I Don´t Wanna Be Me” é bem puxada para o punk rock diferenciando bem de outros trabalhos do TON. Na seção discografia você poderá ler as resenhas de cada cd da banda incluindo o Life is Killing Me.

Depois uma tour extensa que mais uma vez não passou pelo Brasil, o TON  em outubro de 2003 realizou uma tour bem sombria e macabra pelos EUA em que se juntou os britânicos do Cradle of Filth e os portugueses do Moonspell.  Foram cerca de 30 shows na terra do Tio Sam.

Em 2004 a banda não teve seu contrato renovado com a Roadrunner e depois de 13 anos de parceria a banda deixou a gravadora americana para assinar com a alemã SPV/Steamhammer.

A única novidade sobre a banda até o momento foi o lançamento do dvd Symphony of the Devil lançado em março de 2006.  O dvd nada mais é que o show feito em 1999 no Live at Bizarre Festival.  A banda apenas oficializou um blooteg que já rolava há muito tempo na Internet com uma gravação pra lá de razoável.  O chato é que foram removidos os covers de “Back in the USSR” dos Beatles e o meddley “The Day Tripper” logicamente devido aos direitos autorais.

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